sábado, 26 de fevereiro de 2011

Hidrocele????

"A Hidrocele é definida como uma coleção líquida dentro da túnica vaginal do escroto ou ao longo do cordão espermático. Por si só, a hidrocele não possui grande significância clínica, mas a possibilidade de estar associada a outras alterações testiculares potencialmente sérias, justifica uma investigação criteriosa".


Introdução
A presença de líquido no escroto possui pouco impacto sobre a função testicular. Contudo, determinar a causa do acúmulo, especialmente a possibilidade de patologias significativas, é a principal preocupação ao avaliar um paciente com hidrocele.
A fisiopatologia da hidrocele implica em um desequilíbrio entre a produção e a absorção de líquido no escroto. A hidrocele pode ainda ser dividida em (1) aquelas associadas à persistência de comunicação com a cavidade abdominal (ou tipo comunicante) e (2) não-comunicantes.
O processo vaginal encontra-se patente em 80-90% dos bebês do sexo masculino, nascidos a termo, mas resulta em hidrocele comunicante em menos de 6%. A cirurgia costuma ser indicada nas crianças com aumento crônico da pressão intra-abdominal (p.ex: portadoras de pneumopatia crônica) ou aumento da produção de líquido abdominal (p.ex: crianças com shunts ventrículo-peritoneal).
Na hidrocele não-comunicante, o processo fisiopatológico resulta de aumento na produção de líquido (p.ex: orquite viral ou pós-trauma) ou decorre de comprometimento da absorção (p.ex: filariose).
Clinicamente, a hidrocele unilateral se manifesta como um aumento difuso do volume do escroto. O testículo em geral pode ser palpado posteriormente. A incapacidade de delinear as estruturas testiculares à palpação ou a presença de dor durante o exame sugerem outro diagnóstico além de hidrocele.

Exames Complementares
Não são recomendados exames laboratoriais específicos, exceto para excluir possíveis diagnósticos diferenciais. Em alguns casos, é difícil distinguir uma hérnia encarcerada de uma hidrocele. A presença de leucocitose, neste cenário, sugere fortemente a primeira possibilidade.
Aproximadamente 10% dos pacientes com teratomas testiculares podem se apresentar com uma massa cística. A dosagem de gonadotrofina coriônica pode ser utilizada, para diferenciar estas lesões (e outros tumores de células germinativas), de uma hidrocele verdadeira.
A ultra-sonografia (US) é o exame de imagem mais recomendado em pacientes com hidrocele. Ela oferece um bom imageamento do parênquima testicular e é capaz de diferenciar hidrocele de espermatocele, epididimite e tumores testiculares.
A ultra-sonografia tipo Duplex não costuma ser recomendada na hidrocele simples, mas é um recurso propedêutico valioso nos casos associados à torção testicular.

Tratamento
O tratamento é essencialmente cirúrgico. Adultos assintomáticos com hidrocele não-comunicante unilateral podem ser observados indefinidamente ou até que a alteração se torne sintomática. As indicações para intervenção cirúrgica incluem (1) incapacidade de excluir a possibilidade de hérnia inguinal, (2) ausência de resolução após um período de observação, (3) incapacidade de examinar cuidadosamente os testículos, e (4) possibilidade de associação com outras patologias (p.ex: torção, tumor, etc).

Não existem contra-indicações absolutas para o reparo cirúrgico da hidrocele. Contudo, levando-se em conta as conseqüências mínimas da hidrocele por si só, qualquer alteração, que resulte em aumento do risco cirúrgico, é motivo suficiente para postergar a operação.

O tratamento cirúrgico pode ser dividido em 3 abordagens principais: ligação do processo vaginal via inguinotomia (mais indicada na hidrocele comunicante pediátrica); excisão e eversão da túnica vaginalis via incisão escrotal (mais recomendada para hidrocele não-comunicante); ou aspiração e escleroterapia com solução de tetraciclina ou doxiciclina. A abordagem inguinal possui um índice de recorrência inferior a 1%.

A atenção meticulosa às estruturas do cordão espermático é uma das principais considerações intra-operatórias, durante o reparo inguinal da hidrocele. A dissecção excessiva em torno dos vasos testiculares pode resultar em tromboflebite no plexo pampiniforme. A não identificação de um processo vaginal patente, durante a exploração inguinal, deve levar a uma reavaliação das estruturas do cordão espermático e uma excisão parcial ou completa da hidrocele.

Nas abordagens escrotais, a excisão da túnica vaginalis redundante (com ou sem eversão), e sua sutura posteriormente ao epidídimo, desloca o testículo anteriormente, facilitando a palpação da gônada mais tarde. Deve-se tomar bastante cuidado para não lesar os vasos deferentes ou o epidídimo, durante o procedimento cirúrgico. A plicatura (procedimento de Lord) é um procedimento utilizado no tratamento de grandes hidroceles. Nestes casos, é prudente deixar um dreno sentinela na porção mais baixa do escroto.

Crianças submetidas a herniorrafia inguinal, para reparo de hidroceles comunicantes, em geral se recuperam bem, com desconforto mínimo. Recomenda-se evitar banhos de banheira por 5-7 dias. Curativos tipo ‘suspensório’, oferecendo maior suporte, dão um conforto adicional nos pacientes submetidos a abordagens escrotais.
Todos os pacientes devem ser orientados quanto à possibilidade de recorrência da hidrocele, devido ao edema pós-operatório. As principais complicações cirúrgicas incluem: lesão das estruturas do cordão espermático (1-3% nos pacientes submetidos à abordagem inguinal), hematoma ou hemorragia escrotal, lesão dos nervos ilioinguinal e/ou genitofemoral, e infecção da ferida operatória.

Conclusão
A hidrocele é um distúrbio comum na prática diária e, por si só, não representa grande risco para a vida do paciente. Contudo, a investigação é justificada pela necessidade de excluir diagnósticos diferenciais potencialmente perigosos, tais como neoplasias, torção testicular, epididimite, hérnia inguinal e outros. A ultra-sonografia é a principal ferramenta propedêutica. O tratamento, essencialmente cirúrgico, associa-se a um baixo índice de complicações, quando realizado segundo os critérios da boa técnica operatória.

PALAVRAS-CHAVE: hidrocele, orquite, orquialgia, testículo, tumor testicular, varicocele.
fonte: Bibliomed (http://boasaude.uol.com.br/realce/showdoc.cfm?libdocid=15106&ReturnCatID=1793)

Um comentário:

  1. muy buen post yo tambien he estado leyendo mucho sobre este tema recomiendo esta pagina. hidroceles

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